|março 18, 2006|
sei lá...

quando eu resolvi criar o café com pão, antes mesmo de arrumar um nome pro blog, eu tinha decidido que não escreveria sobre minha vida particular. nos últimos dias, no entanto, tenho sentido a necessidade, que só cresce, a cada minuto. pensando bem, é provável que essa necessidade seja só pra tentar organizar melhor as idéias dentro da minha cabeça, sendo este texto totalmente dispensável pra quem não quiser ler.

em dezembro de 2002, formei-me "com louvor" no ensino médio. prestei vestibular apenas para a puc-sp, porque sabe-se lá porque cargas d'água eu tinha posto na cabeça que ia fazer puc. fuvest eu não prestei mais por revolta e por noção de que não ia passar, mesmo. fiz o vestibular da puc no começo de dezembro, e lembro bem que logo que saí da prova tinha sentido que tinha ido mal. a minha primeira opção de curso era publicidade e propaganda, mas no meio da prova já surgiram algumas dúvidas se esse era mesmo o curso que eu queria fazer. e, provavelmente, aí começaram meus problemas.
desde o dia em que saí do vestibular da puc com dúvidas sobre que curso eu deveria fazer, nunca me decidi por completo sobre o que quero fazer da vida. acabei, naquele mesmo ano, entrando na puc, na minha segunda opção (comunicação em multimeios), mas diversos fatores (ou ao menos eu digo pra mim mesmo que são diversos fatores) me fizeram abandonar o curso ao final do primeiro semestre. fiz semi no anglo e prestei design gráfico no senac, novamente apenas um vestibular prestado. antes de prestar o vestibular, porém, mais uma vez fiquei em dúvida, e resolvi fazer história.
entrei em design gráfico e sabe-se lá porque cargas d'água eu me matriculei. não fiquei dois meses no curso.
fiz turma de maio no objetivo com a intenção de prestar história. no meio do caminho, porém, decidi prestar relações públicas. prestei apenas fuvest, e não passei pra segunda fase por um ponto.
outro ano e lá vou eu mais uma vez pro cursinho. dessa vez comecei o ano pensando em prestar letras, mas acabei optando por história. e dessa vez prestei história mesmo, finalmente! passei pra segunda fase com alguma folga. fiquei feliz, estudei bastante (pelo menos pelo que eu estou acostumado) fiz a segunda fase e estava bem otimista. passei! longe, bem longe de entrar. e cá estou eu, em meados de março de 2006, com 21 anos, sem emprego nem faculdade.
muito bem, acho que deu pra situar bem todo mundo, talvez até os que me conhecem bem. agora vou tentar analisar cada ano.

primeiro ano: 2002
curso pretendido: publicidade e propaganda, puc-sp
segunda opção original: design gráfico, senac-sp
segunda opção inscrita: comunicação em multimeios
como se vê, a merda começou na inscrição. eu ia colocar design gráfico na segunda opção, mas acabei mudando porque achei que multimeios seria mais fácil. ou seja, a facilidade me atraiu. beleza, essa foi fácil.
minha primeira opção foi mesmo publicidade e propaganda, porém, no dia do vestibular, eu comecei a pensar se essa seria a carreira que eu queria da vida. pô, tentar convencer as pessoas de que elas precisam do produto x não é minha praia. isso é enganar as pessoas, e minha natureza não é essa. se eu conto uma mentira não consigo manter por muito tempo e conto a verdade. mesmo quando estou brincando.
quando eu passei em multimeios, na quarta chamada, fiquei muito contente de não ter que fazer cursinho e me matriculei! estava na faculdade! adeus matemática! adeus física, química, biologia!
até o começo de maio eu estava bem contente no curso. gostava das aulas. mas, de repente, comecei a deixar de gostar de ir pra faculdade. comecei a enrolar muito em casa antes de sair, faltar muitas vezes. e acabei saindo do curso. por quê? para encontrar essa resposta, vou ter que tentar voltar a maio de 2003. não consigo identificar o problema, sinceramente. só sei que, de repente, o fato de estudar à tarde não me agradava, a faculdade era muito longe, e diversos outros fatores que não me recordo agora, mas que naqueles dias eu repetia pra mim mesmo até resolver sair. e fui prestar design gráfico.

segundo ano: 2003
curso pretendido: design gráfico (vespertino), senac-sp
segunda opção inscrita: design gráfico (noturno), senac-sp
não prestei vestibular no meio de 2002 porque achei que design gráfico pudesse abrir vagas de manhã no final do ano. não abriu. e olhem bem a coerência: eu, que reclamei comigo mesmo que não queria mais estudar à tarde, prestei design gráfico... à tarde! com segunda opção do mesmo curso à noite. o senac ficava na lapa naquela época, mas eu já sabia que ia mudar pra santo amaro, pertinho de casa. mais uma vez fui mal no vestibular, pior até que no ano anteior, mas passei de primeira lista. mas já tinha prestado o vestibular pensando em fazer história. e me matriculei do mesmo jeito. e um mês e meio depois, não me agüentei e saí do curso. agora, por que eu me matriculei se já não queria mais fazer design gráfico? acho que a emoção de passar em primeira lista me impulsionou, junto com o fato de não precisar mais estudar física, matemática e química (que, sinceramente, eu nunca estudei, até hoje. só sei um pouco de química, mas não demora muito eu vou esquecer tudo). talvez. vou deixar esse espaço assim, daqui a algumas semanas, se eu voltar a ler este texto, talvez eu consiga pensar melhor nesse assunto...

terceiro ano: 2004
curso pretendido: história, inicialmente
curso inscrito: relações públicas, eca-usp
durante as turmas de maio, eu ia prestar história. a necessidade de um desafio maior me impulsionou a prestar relações públicas, coisa que eu já não queria mais fazer quando prestei o vestibular. como já disse, fiquei por um ponto, e fiquei desapontado! não queria mais fazer o curso e fiquei desapontado por não passar sequer pra segunda fase! vê se pode! essa acho que eu tenho bem em mente o que aconteceu.

quarto ano: 2005
curso pretendido: letras, depois história
curso inscrito: história, fflch-usp
finalmente, então, eu prestei história. fiquei o ano inteiro bem confiante, mas estudando mais do que jamais estudei na vida. passei pra segunda fase e continuei estudando o máximo que minha preguiça permitia. e não passei. fui tão mal na segunda fase que fiquei BEM longe de passar, mesmo que tivessem dez listas! mas, de novo, fiquei muito em dúvida sobre o curso. o mercado de trabalho não é muito gentil com bacharelados em história...

agora, veja bem: todos esse anos, todos esses cursos prestados e nunca me senti muito confiante sobre o que eu queria da vida. basta uma pergunta que eu não saiba responder que eu já ponho em cheque tudo o estava planejando. publicitário eu realmente não devo ser, isso eu sei. o curso de multimeios poderia me dar muitas opções diferentes de profissão, e logo mais eu vou discutir um pouco um dos motivos que me levou a deixar o curso. designer eu realmente não quero como profissão, gosto mais como um hobby. e poderia ser designer mesmo sem sair de multimeios, como descobri recentemente. relações públicas também não é muito a minha área. professor de história, que é o que estava pensando em ser, já não quero mais. "o que eu quero?", é a pergunta que faço. "não sei", é o que eu respondo.
agora, veja: eu empurrei o colegial inteiro com a barriga. aprendi cerca de 10% do que foi ensinado e mesmo assim me formei. como? sei lá. parece que não é só o sistema público de ensino que é problemático. saí de multimeios porque achei que não estava preparado pra fazer faculdade e seguir uma carreira profissional. fiz meio ano de cursinho e só aprendi história. fiz outro ano de cursinho e aprendi um pouco mais de história e algumas coisas do resto. no "terceiro" ano de cursinho (levando em conta que nenhum dos anos anteriores eu fiz extensivo), eu aprendi bastante coisa, e me sinto no nível de um aluno recém-saído do ensino médio. por isso, provavelmente, não entrei na usp (não que alunos recém-formados não entrem na usp, mas eu sou um aluno mediano, eu reconheço).
e mais: eu sou preguiçoso, e tenho que admitir. já passou do tempo que eu devia tentar disfarçar. eu sou preguiçoso, não gosto de estudar e nunca tive incentivos reais para fazê-lo. sempre que pinta a mínima chance de não assistir alguma aula eu não penso duas vezes. quando pego um livro pra estudar em casa, é raro eu conseguir manter concentração por muito tempo. ano passado fiquei muitas tardes no cursinho pra tentar estudar e falhei miseravelmente em boa parte delas. ficava mais tempo conversando que estudando. ou seja, estudar não é pra mim, sinceramente. e eu tentei, juro que tentei. e eu estava motivado pra fazer história, na maioria do tempo. ou seja, não é a falta de objetivo que me impede de estudar.
beleza, já sei que estudar não tá pra mim. se isso tem "cura", eu não sei. e não tenho certeza se quero descobrir. vamos ao outro ponto...
foram quatro anos, e em nenhum dos quatro anos eu consegui me decidir o que fazer de faculdade, o que fazer da vida. sempre encontro um problema, por mínimo que seja. até a minha incompetência já foi posta em pauta. e eu admito que sou bem incompetente em muitos aspectos. na verdade, eu me classifico como uma pessoa "mediana". todas as minhas habilidades são medianas. meus conhecimentos sobre diversos assuntos são medianos. se não é mediano, é péssimo. ou pelo menos é o que eu penso. afinal, eu sempre encontro alguém que sabe bem mais sobre determinados assuntos que eu. minha compreensão (de tudo!) é meio distorcida. o jeito que eu interpreto uma notícia de jornal é bem diferente do jeito que você interpreta. claro, isso acontece com todo mundo, mas a minha interpretação não chega perto de ter alguma relação com a interpretação da maioria das pessoas. claro, tudo isso pode melhorar com tempo, treino e estudo. e já foi muito pior, eu te garanto. mas eu me sinto tão atrasado! em relação às pessoas da minha idade, e até pessoas um ou dois anos mais novas que eu.
será que eu tenho algum problema mental? será que meu QI tá abaixo da média? bom, minha lógica é boa, e essa é uma coisa que eu tenho orgulho. não todos os tipos de lógica, mas a grande parte! a lógica matemática é um pouco ruim, por exemplo.

não sei... acho que acabei me deixando levar demais por pensamentos e, como sempre, não cheguei a nenhuma conclusão nova. fica registrado então esse texto com praticamente tudo o que eu sei sobre mim mesmo no que diz respeito ao meu futuro profissional. ou seja, praticamente nada. até agora, só eliminei algumas opções...

|felipejb @ 3:10 AM| || |mande para um amigo|
 
|março 05, 2006|
mo cuishle

obs: se você ainda não assistiu menina de ouro, recomendo que não leia o texto a seguir.
estou falando sério. há informações realmente importantes sobre o andamento do filme, inclusive o final. se quiser continuar, faça por sua própria conta e risco.

assistindo ao filme menina de ouro, consegui resgatar os pensamentos que outro dia passavam por minha cabeça, e que quando tentei transportar em palavras, acabei ficando meio "bloqueado". afinal de contas, o que vale mais a pena: viver durante um longo período de tempo ou o mais intensamente possível?
maggie fitzgerald é uma mulher de quase 32 anos que treina pra ser boxeadorae consegue que frankie dunn seja seu treinador. pulando todo o resto do filme e análises comportamentais das personages, que não é a minha intenção, vou direto à luta final: maggie consegue uma luta para disputar o título mundial dos pesos médios-pesados feminino, pertencente a uma truculenta e desleal alemã-oriental. apesar de todas as dificuldades, maggie consegue chegar quase a vencer a luta, e ao final do terceiro ou quarto assalto, após soar o gongo, a campeão dá um golpe desleal em maggie. desleal primeiro porque a luta estava paralisada após o fim do assalto, depois porque maggie estava de costas, andando em direção ao seu córner para esperar o começo do próximo assalto. maggie caiu de cabeça no banco deitado em cima da lona. mais precisamente, caiu de pescoço, e perdeu todos os movimentos do pescoço pra baixo. não podia nem mesmo respirar por conta própria.
e foi ao ver aquela boxeadora totalmente paralítica, com apenas 33 anos de idade, após viajar o mundo lutando boxe e conquistando fama e dinheiro, que comecei a pensar se valia a pena viver naquele estado, não podendo sequer respirar por conta própria. ela estava presa à cama do hospital, podia apenas falar, e mesmo assim não muito bem.
aí eu me lembrei daquele domingo em que eu comecei, não lembro porquê, a pensar se era melhor viver saudavelmente longos anos, sempre se preocupando com a saúde, ou se vale mais a pena viver intensamente, aproveitando cada segundo, sem se preocupar muito com as conseqüencias de seus atos, se faz bem pra saúde ou não. uma decisão que deve ser tomada com cautela, mas logo nos primeiros dias que você começa a tomar decisões por si mesmo. brincando na chuva você pode pegar pneumonia. no caso de maggie, ela se arriscou, lutou boxe e foi até o desafio à campeã. e acabou paralítica. ela se arriscou, viveu cada momento, e acabou numa cama de hospital aos 33 anos de idade, sem poder se mexer. ela podia viver muitos anos naquela cama de hospital, mas preferiu que sua vida acabasse logo. ela viveu intensamente, não via mais motivos pra continuar.
acho, então, que o melhor mesmo é viver intensamente cada momento. não precisa chegar ao limite entre a vida e a morte, apenas viva o mais intensamente que puder e, quando sua hora chegar, não haverá motivos pra arrependimentos. faça tudo o que puder fazer, e vá feliz. faça de sua morte um momento feliz, ao menos pra você. faça como maggie: aproveite sua estada neste mundo, faça sua vida ser o mais proveitosa possível e, quando você tiver que escolher entre ficar mais tempo cheio de limitações ou partir mais cedo, escolha partir, e vá feliz!

e se você não viu o filme e leu todo o texto até aqui, o problema é seu. eu avisei que era melhor não ler.

|felipejb @ 1:33 AM| || |mande para um amigo|